A 15.000 km’s de distância despeço-me de um ser
pequenino, sangue do meu sangue, de ligação de amor grande. Desenvolveu-se ao
longo de 9 meses na barriga da mana madrinha, num seio familiar forte e com
garra. A 17 de Novembro nasce, no mesmo dia que o Homem que idolatro como ser
humano, como prenúncio de uma vida robusta e facetada. A distância física que
existiu, devido à minha emigração para Moçambique, impediu-me de acompanhar a
gestão do David e principalmente o seu nascimento. Conheci a cor preta do seu
cabelo, as pernas compridas, a barriguinha fofinha, e as mãos grandes, através
de fotografias. E hoje sou brutalmente obrigada a saber da partida dele, e a
carregar comigo a mágoa de nunca ter beijado os seus pés pequeninos, de não saber
o seu cheiro, e de nunca lhe ter sussurrado ao ouvido “eu sou a Tia Patrícia”.
Hoje não há pressas, os segundos passam devagar. Tenho
a alma nas mãos. Deixo o corpo seguir a habitual rotina enquanto o pensamento
vagueia por Lisboa, pelo carinho que tenho pelos meus e da força que preciso de
lhes transmitir.
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