quarta-feira, 1 de agosto de 2012

ha quanto tempo não escrevo aqui? (e faz tanto eco cá dentro)

sempre andei depressa de mais. vivia uma vida inconsciente na consciência que tudo estava bem, alicerçada em parâmetros e expectativas erróneos. Ilusão de uma vida de adolescente - assim caracterizo essa época. Impulsão, propulsão, rebentação. Nunca houve um respirar fundo, um pensamento mais profundo. Os objectivos eram traçados e atingidos, as metas eram rompidas e a vitória sentida. Sem grandes conclusões ou porquês, tudo era rápido e.. fugaz. Havia dor auto-infligida mas não havia medo. Havia lágrimas.. de um sofrimento momentâneo e sem introspecção.
A vida era vista com mediocridade e o futuro não era mais do que uma palavra do dicionário. Amarrada a uma infância pequena e a pouco amor próprio, a busca pela satisfação imediata era, como ela própria se auto-intitula, imediata. Escondia a dor e criava o meu paraíso. Eram gotas de tinta num quadro que nem o Picasso iria compreender e, possivelmente, nem o Luís de Camões iria querer navegar.

Até que um dia comecei a andar mais devagar. A música, a dança, a fotografia, o sorriso.. tudo eram armas de capacitação e esconderijo. O pensamento juntou-se ao corpo e, apesar da unificação cristã não estar completa, havia mais de Mim para Mim. O processo de racionalização começou e os efeitos - as ditas consequências - das minhas acções começaram a ter impacto no meu estado. Conseguia, ainda que durante escassos momentos do meu dia-a-dia, ver os resultados das minhas acções. Sentia as penalizações na pele. Mas mesmo assim percorria caminhos que como criança que sou.. não deveria percorrer.  Exultava que sabia o que fazia..
Ilusões e enredos! Era uma louca a começar a viver a consciência de um andar mais devagar.

Neste momento.. utilizo as palavras dos outros. O asubakatchin é isso. Silencio-me no meu Eu. E peço, por favor, que me deixem em paz. Uma Paz que outrora eu nunca permitira existir. Analiso toda a sociedade e tenho medo. A busca sucessiva pelo "mais e melhor" destrói-me.. no entanto, a sociedade já não me corrompe. Os meus olhos vêem em frente e assumem um Futuro. Arrumo a biblioteca do dia-a-dia com frases d'outros numa perspectiva de vigia ao que realmente se passa cá dentro. São o meu Eu expresso em frases do Tempo e do Mundo. E estas linhas que hoje escrevo são do livro da minha memória, da minha instrospecção, de uma vida conturbada e encarcerada dentro de um corpo. Não, não chegámos ao ponto final, nem ao fim da linha. Há muito mais a escrever e a esconder, porque a sociedade é uma selva e a capacidade de não-se-mostrar-que-é-o-mais-fraco lidera. Os dois lados da arma que é a vida, apontados a mim, e eu a vê-los.. sempre.. sempre atenta. Há uma preciosidade associada a estas palavras que poucos podem sentir.. e vibrar.
Tenho medo mas prometo não vacilar.


(Um ano aqui)

Um comentário:

  1. Como tudo é tão verdade e se aplica a ti e me faz vestir a camisola também :) Beijinho

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